“Um artigo bem humorado com 10 dicas práticas para quem deseja convencer as pessoas a usar Linux e auxiliar numa migração tranqüila. Tópicos como “chantagem emocional” e “convença seu chefe” procuram mostrar, baseados na realidade, as situações mais comuns que a maioria encontra e dá exemplos de como se sair bem.”
A dificil arte da migração: como fazer amigos e influenciar as pessoas
Desde que o Linux existe, nas cabeças e corações de toda a comunidade figura o ideal de um mundo 100% livre, onde as pessoas, finalmente, entenderão os benefícios do Open Source, instituições públicas e empresas 100% legalizadas e plenamente funcionais com o pinguim e os sistemas proprietários, cada vez mais acuados, começam a mudar suas posturas de negócio.
A realidade, no entanto, é um pouco mais cruel. O fenômeno do software livre acabou se deparando com uma barreira antiga e que está acostumada a levar à extinção muitos ramos promissores de negócios: a pirataria.
Esperava-se que nos (assim chamados) países de terceiro mundo o Linux seria um importante ator na igualização digital. Todos imaginavam nossas terras cheias de computadores vestidos de Debian, Mandrake, Suse e Red Hat (Ubuntu não existia), mas aqui, para nós no Brasil, na Índia, em Taiwan, na China e na maior parte do mundo, o software proprietário também é quase de graça e nesse caso, a escolha é bem óbvia.
Apesar da realidade não ser tão bonita quanto gostaríamos, a migração, assim como a evangelização, são possíveis e um fator determinante, mas que é o ponto fraco da comunidade Linux, é o tato e a sutileza na hora do convencimento e da implantação.
Linuxistas são vistos como arrogantes (mesmo entre os próprios Linuxistas) já que muitas vezes um técnico ou um programador está fora da realidade do usuário e escapa-lhe ver “o outro lado da moeda”.
Depois de alguns anos, cheguei à conclusão de que o desconhecimento e o preconceito do usuário, aliados à preguiça de aprender algo novo são problemas que devem ser vencidos gradativamente. Por quantas e quantas vezes, ao ver que eu estava instalando Linux em sua estação, o usuário, com olhos suplicantes, perguntava: “não pode instalar o XP?”. Por isso comecei este artigo e espero que seja de alguma valia para quem lida sempre com essa realidade.
1 – Linux é bom; Windows é ruim! Minha distribuição é a melhor; as outras fedem!
Esta postura idiota apenas contribui para a má fama do Linux frente aos leigos. Em vez de perder tempo falando mal do sistema dos outros, concentre seus esforços em mostrar como o seu sistema é bom. O usuário, na verdade, não se importa com o sistema operacional. Num mundo perfeito as pessoas nem ouviriam falar em Windows e Linux, apenas se preocupariam em viver enquanto o computador faz o que deveria fazer. Você fazer longos discursos inflamados à Stallman para quem, simplesmente, não se importa é perda de tempo. Em vez de meter o pau, mostre que a solução livre funciona e não seja egoísta: deixe bem claro que tem Linux para todos os gostos. Se o usuário não gostar do Fedora, tem o Ubuntu, o Mandriva, o openSuse… e um deles, certamente vai agradá-lo.
2 – Você TEM que usar!
Toda mudança é traumática e fica ainda pior quando é brusca e forçada. Empurrar o Linux goela abaixo apenas vai aumentar a repulsa pelo sistema. Uma boa solução para isso é começar a substituir os softwares proprietários pelas soluções livres gradativamente. Troque o MS Office pelo OpenOffice, o Internet Explorer pelo Firefox, o Outlook pelo Thunderbird ou Evolution e comece migrando sua própria máquina. Tudo que é novo leva tempo, por isso, deixe que vejam você usando. Sempre vai haver alguma conversa sobre vírus ou outro tipo de malware e esta é sua chance de dizer que se sente seguro quanto a isso porque Linux não pega vírus.
Tomo como exemplo de caso meu irmão, que é o típico usuário: música, vídeo, MSN e muitos downloads. O computador tinha um dual boot onde eu mantinha o Fedora e o XP usando uma conexão wireless que caía constantemente. Meu irmão ficava intrigado ao ver que minha conexão nunca caía e que, além de tudo, também eu podia ver vídeos, navegar e usar MSN. Foi pensando somente no próprio benefício que ele começou a usar o Linux e hoje em dia já entendeu que pode gravar DVDs com o K3b, bater papo com o aMSN, ouvir músicas com o Amarok e ver vídeos no Kaffeine (player favorito dele).
Não mandei que ele migrasse e nem arranquei o Windows, ele viu e percebeu que funciona.
Meu próprio movimento de migração foi gradativo. Antes, era 90% do disco pro Win e 10% pro Línux, depois 50% pra cada. Em pouco tempo 90% do disco tinha Linux e, finalmente, 100%.
3 – Seja cruel!
Aquele Win XP da contabilidade, finalmente deu seu último suspiro… Vá dar uma olhada, mexa nuns fios, coce o cavanhaque e, de chapéu na mão, dispare: “infelizmente, não há muito que possamos fazer… se pelo menos fosse software original…”.
Mas, falando sério, não tenha receio de mostrar para o usuário que o software dele não tem nenhum tipo de suporte devido à natureza piratesca. É como vender seu voto: uma vez que você votou por dinheiro, nem pense em exigir saúde, educação e impostos mais justos. O compromisso do político com você termina no momento em que o dinheiro muda de dono. Com o software pirata é assim também: você usa, mas não tem o direito de reclamar. Formate e sempre alfinete.
4 – Convença o seu chefe.
A cara feia do chefe vale mais que mil palavras. Se a chefia concordar com a migração você estará com a faca e o queijo na mão.
Na hora de convencer seu chefe, lembre-se: não interessam os bonitos ideais da FSF, o que ele quer são resultados e benefícios e na hora de expô-los, seja realista. Nem tudo são flores no mundo Linux. Diga ao seu chefe que, com Linux, será possível ter mais controle sobre as máquinas, automatizar tarefas vitais como backups diários, parar de se preocupar com vírus e gozar de uma segurança um pouco (ou muito) maior, mas não se esqueça dos pontos negativos que são a curva de aprendizado – a produtividade dos funcionários vai cair durante um tempo, mas logo volta a crescer – será preciso parar alguns setores por alguns dias para a implementação, dar treinamento aos funcionários e descartar hardwares incompatíveis. Mostre que isso não é uma despesa e sim um investimento e, por último, mas não menos importante, fale sobre a tranqüilidade de parar de usar software pirata, estar 100% legalizado e poder bradar isso aos quatro ventos. Tenha tudo escrito, documentado e apresente um caso de sucesso, como o do MPE de Tocantins, onde a galera deu show.
5 – Padronize tudo.
Padronização é a palavra chave. Tendo o aval do chefe padronize o máximo de coisas que puder. Não tente trabalhar com várias distros ao mesmo tempo pois cada uma é diferente em algum ponto e isso pode ser ruim. Se tudo for padronizado, significa que tudo poderá, também, ser documentado e até um macaco poderá realizar tarefas no caso de você ir fazer um transplante de coração ou cair de avião na Cordilheira dos Andes.
Numa situação ideal seu chefe diria com a mão em seu ombro “Meu filho, isso é o que estávamos precisando por aqui! Um jovem com garra! Pode fazer o que for preciso… e tome aqui um aumento!”. Se for possível, padronize também o seu hardware. Jogue fora todo o lixo tecnológico e troque por hardware de confiança, que você sabe ser compatível e encontrará as peças de olhos fechados. Entenda que esse gasto vai ser compensado no futuro da seguinte forma: se todas as máquinas forem dual core de 2,4 Ghz e elas funcionarem bem, significa que vão funcionar bem indefinidamente e dependendo das condições e do cuidado do usuário, podem ter uma loooonga vida.
O pior inferno na minha vida é pegar o Linux e ter que instalá-lo em hardware bizarro. Uma placa de rede KTL em um P233 de 2 MB de vídeo usando uma maldita impressora matricial da década de 70. São horas ou talvez dias de trabalho estressante onde a relação custo/benefício é desfavorável.
6 – Faça aos poucos, mas faça.
Ao contrário do que pode parecer, migrar não é como numa installfest onde você vai, alegremente e de máquina em máquina fazendo o show da formatação. É preciso fazer backups com todo o cuidado, agendar sua ida ao local para que a equipe se estruture de modo a não sofrer muito com a situação atípica e estar preparado para responder a eventuais perguntas. Ao responder tranqüilize-os, diga que vai ser uma boa mudança e que o suporte vai estar á disposição para esclarecimentos e helpdesk.
7 – Não abra concessões.
Mesmo que aquela menina linda de olhos verdes e minissaia lhe peça, não abra concessões na hora de instalar os softwares. “Tem como colocar Windows na minha máquina?”. A resposta é não!Se você fizer pra um, vai ter que fazer pra todos e quem cede um pouco cede muito.
Se você tiver tudo sob controle, mesmo em situações de crise a resolução não vai ser muito dolorosa. Quando você estruturar tudo para funcionar em Mandriva, por exemplo, aquele espertinho que gosta de usar Knoppix não deve ter permissão para instalá-lo e isso deve ficar bem claro. Você é o técnico e o usuário só USA. Ele não decide nada.
8 – Não tenha vergonha do WINE
Busque sempre a solução livre antes de tudo mas, em último caso, apele pro WINE. Se aquele programa essencial não existe para Linux isso pode justificar uma não migração. Faça testes e experimente o WINE, que está muito maduro e consegue resultados espantosos.
No funcionalismo público, por exemplo, é comum softwares que só existem para Windows serem usados para transferência de dados. Antes de migrar, esteja certo de cobrir cada centímetro de terreno. Você vai estar lutando contra a má vontade do usuário também e qualquer coisa fora do normal será pretexto para reclamação.
9 – Migrou? Prepare os calmantes.
Pode ser que não aconteça, mas é bastante improvável… o telefone vai tocar e vai tocar muito. Bote uma música suave tocando no ambiente, pinturas em tons pastéis nas paredes e providencie uma bela janela com paisagem, senão você vai acabar matando alguém. =)
Logo após a migração começa o movimento anti-migração. O propósito deles é tornar sua vida tão miserável que você nunca mais vai querer ver um pingüim na sua frente, por isso, prepare-se e tenha em mente o item 7. Com o tempo as pessoas se acostumam e logo vão usar o Linux como se sempre tivessem usado. Você vai se deparar com todos os tipos de problemas: pessoas realmente confusas buscando ajuda, pessoas que sabem, mas fizeram alguma besteira e pessoas cheias de má vontade, que vão telefonar para perguntar imbecilidades do tipo “como se clica no menu?”.
Afirmações do tipo “eu não vou usar isso”, “eu odeio o Linux” e “vou falar com o chefe” podem acontecer. Lembre-se do item 7.
10 – Chantagem emocional
Depois de migrar, aí sim, use toda a sua dialética. Fale de como é bonito o movimento de software livre, emocione-se, faça valer a sua veia teatral de modo que as pessoas se sintam tão mal por usar software pirata que até em suas casas vão querer Linux.
Estou exagerando? Garanto que não. De tanto eu falar meus amigos e parentes já começam a migrar aos poucos – e sem eu nem tocar no assunto deles migrarem.
Isso acontece porque eu sempre comento sobre a relação pirataria/furto, sobre as dores de cabeça de sempre ter que crackear os programas (cada vez mais inteligentes) e digo que, no futuro, crackear um software vai ser tanta encheção de saco que acaba valendo comprar o original ou usar o software livre.
Enfim, o convencimento das pessoas não se faz pela força. Infelizmente, nem a maioria da comunidade Linux está preparada para evangelizá-lo e acaba contribuindo inversamente no processo.
A realidade, no entanto, é um pouco mais cruel. O fenômeno do software livre acabou se deparando com uma barreira antiga e que está acostumada a levar à extinção muitos ramos promissores de negócios: a pirataria.
Esperava-se que nos (assim chamados) países de terceiro mundo o Linux seria um importante ator na igualização digital. Todos imaginavam nossas terras cheias de computadores vestidos de Debian, Mandrake, Suse e Red Hat (Ubuntu não existia), mas aqui, para nós no Brasil, na Índia, em Taiwan, na China e na maior parte do mundo, o software proprietário também é quase de graça e nesse caso, a escolha é bem óbvia.
Apesar da realidade não ser tão bonita quanto gostaríamos, a migração, assim como a evangelização, são possíveis e um fator determinante, mas que é o ponto fraco da comunidade Linux, é o tato e a sutileza na hora do convencimento e da implantação.
Linuxistas são vistos como arrogantes (mesmo entre os próprios Linuxistas) já que muitas vezes um técnico ou um programador está fora da realidade do usuário e escapa-lhe ver “o outro lado da moeda”.
Depois de alguns anos, cheguei à conclusão de que o desconhecimento e o preconceito do usuário, aliados à preguiça de aprender algo novo são problemas que devem ser vencidos gradativamente. Por quantas e quantas vezes, ao ver que eu estava instalando Linux em sua estação, o usuário, com olhos suplicantes, perguntava: “não pode instalar o XP?”. Por isso comecei este artigo e espero que seja de alguma valia para quem lida sempre com essa realidade.
1 – Linux é bom; Windows é ruim! Minha distribuição é a melhor; as outras fedem!
Esta postura idiota apenas contribui para a má fama do Linux frente aos leigos. Em vez de perder tempo falando mal do sistema dos outros, concentre seus esforços em mostrar como o seu sistema é bom. O usuário, na verdade, não se importa com o sistema operacional. Num mundo perfeito as pessoas nem ouviriam falar em Windows e Linux, apenas se preocupariam em viver enquanto o computador faz o que deveria fazer. Você fazer longos discursos inflamados à Stallman para quem, simplesmente, não se importa é perda de tempo. Em vez de meter o pau, mostre que a solução livre funciona e não seja egoísta: deixe bem claro que tem Linux para todos os gostos. Se o usuário não gostar do Fedora, tem o Ubuntu, o Mandriva, o openSuse… e um deles, certamente vai agradá-lo.
2 – Você TEM que usar!
Toda mudança é traumática e fica ainda pior quando é brusca e forçada. Empurrar o Linux goela abaixo apenas vai aumentar a repulsa pelo sistema. Uma boa solução para isso é começar a substituir os softwares proprietários pelas soluções livres gradativamente. Troque o MS Office pelo OpenOffice, o Internet Explorer pelo Firefox, o Outlook pelo Thunderbird ou Evolution e comece migrando sua própria máquina. Tudo que é novo leva tempo, por isso, deixe que vejam você usando. Sempre vai haver alguma conversa sobre vírus ou outro tipo de malware e esta é sua chance de dizer que se sente seguro quanto a isso porque Linux não pega vírus.
Tomo como exemplo de caso meu irmão, que é o típico usuário: música, vídeo, MSN e muitos downloads. O computador tinha um dual boot onde eu mantinha o Fedora e o XP usando uma conexão wireless que caía constantemente. Meu irmão ficava intrigado ao ver que minha conexão nunca caía e que, além de tudo, também eu podia ver vídeos, navegar e usar MSN. Foi pensando somente no próprio benefício que ele começou a usar o Linux e hoje em dia já entendeu que pode gravar DVDs com o K3b, bater papo com o aMSN, ouvir músicas com o Amarok e ver vídeos no Kaffeine (player favorito dele).
Não mandei que ele migrasse e nem arranquei o Windows, ele viu e percebeu que funciona.
Meu próprio movimento de migração foi gradativo. Antes, era 90% do disco pro Win e 10% pro Línux, depois 50% pra cada. Em pouco tempo 90% do disco tinha Linux e, finalmente, 100%.
3 – Seja cruel!
Aquele Win XP da contabilidade, finalmente deu seu último suspiro… Vá dar uma olhada, mexa nuns fios, coce o cavanhaque e, de chapéu na mão, dispare: “infelizmente, não há muito que possamos fazer… se pelo menos fosse software original…”.
Mas, falando sério, não tenha receio de mostrar para o usuário que o software dele não tem nenhum tipo de suporte devido à natureza piratesca. É como vender seu voto: uma vez que você votou por dinheiro, nem pense em exigir saúde, educação e impostos mais justos. O compromisso do político com você termina no momento em que o dinheiro muda de dono. Com o software pirata é assim também: você usa, mas não tem o direito de reclamar. Formate e sempre alfinete.
4 – Convença o seu chefe.
A cara feia do chefe vale mais que mil palavras. Se a chefia concordar com a migração você estará com a faca e o queijo na mão.
Na hora de convencer seu chefe, lembre-se: não interessam os bonitos ideais da FSF, o que ele quer são resultados e benefícios e na hora de expô-los, seja realista. Nem tudo são flores no mundo Linux. Diga ao seu chefe que, com Linux, será possível ter mais controle sobre as máquinas, automatizar tarefas vitais como backups diários, parar de se preocupar com vírus e gozar de uma segurança um pouco (ou muito) maior, mas não se esqueça dos pontos negativos que são a curva de aprendizado – a produtividade dos funcionários vai cair durante um tempo, mas logo volta a crescer – será preciso parar alguns setores por alguns dias para a implementação, dar treinamento aos funcionários e descartar hardwares incompatíveis. Mostre que isso não é uma despesa e sim um investimento e, por último, mas não menos importante, fale sobre a tranqüilidade de parar de usar software pirata, estar 100% legalizado e poder bradar isso aos quatro ventos. Tenha tudo escrito, documentado e apresente um caso de sucesso, como o do MPE de Tocantins, onde a galera deu show.
5 – Padronize tudo.
Padronização é a palavra chave. Tendo o aval do chefe padronize o máximo de coisas que puder. Não tente trabalhar com várias distros ao mesmo tempo pois cada uma é diferente em algum ponto e isso pode ser ruim. Se tudo for padronizado, significa que tudo poderá, também, ser documentado e até um macaco poderá realizar tarefas no caso de você ir fazer um transplante de coração ou cair de avião na Cordilheira dos Andes.
Numa situação ideal seu chefe diria com a mão em seu ombro “Meu filho, isso é o que estávamos precisando por aqui! Um jovem com garra! Pode fazer o que for preciso… e tome aqui um aumento!”. Se for possível, padronize também o seu hardware. Jogue fora todo o lixo tecnológico e troque por hardware de confiança, que você sabe ser compatível e encontrará as peças de olhos fechados. Entenda que esse gasto vai ser compensado no futuro da seguinte forma: se todas as máquinas forem dual core de 2,4 Ghz e elas funcionarem bem, significa que vão funcionar bem indefinidamente e dependendo das condições e do cuidado do usuário, podem ter uma loooonga vida.
O pior inferno na minha vida é pegar o Linux e ter que instalá-lo em hardware bizarro. Uma placa de rede KTL em um P233 de 2 MB de vídeo usando uma maldita impressora matricial da década de 70. São horas ou talvez dias de trabalho estressante onde a relação custo/benefício é desfavorável.
6 – Faça aos poucos, mas faça.
Ao contrário do que pode parecer, migrar não é como numa installfest onde você vai, alegremente e de máquina em máquina fazendo o show da formatação. É preciso fazer backups com todo o cuidado, agendar sua ida ao local para que a equipe se estruture de modo a não sofrer muito com a situação atípica e estar preparado para responder a eventuais perguntas. Ao responder tranqüilize-os, diga que vai ser uma boa mudança e que o suporte vai estar á disposição para esclarecimentos e helpdesk.
7 – Não abra concessões.
Mesmo que aquela menina linda de olhos verdes e minissaia lhe peça, não abra concessões na hora de instalar os softwares. “Tem como colocar Windows na minha máquina?”. A resposta é não!Se você fizer pra um, vai ter que fazer pra todos e quem cede um pouco cede muito.
Se você tiver tudo sob controle, mesmo em situações de crise a resolução não vai ser muito dolorosa. Quando você estruturar tudo para funcionar em Mandriva, por exemplo, aquele espertinho que gosta de usar Knoppix não deve ter permissão para instalá-lo e isso deve ficar bem claro. Você é o técnico e o usuário só USA. Ele não decide nada.
8 – Não tenha vergonha do WINE
Busque sempre a solução livre antes de tudo mas, em último caso, apele pro WINE. Se aquele programa essencial não existe para Linux isso pode justificar uma não migração. Faça testes e experimente o WINE, que está muito maduro e consegue resultados espantosos.
No funcionalismo público, por exemplo, é comum softwares que só existem para Windows serem usados para transferência de dados. Antes de migrar, esteja certo de cobrir cada centímetro de terreno. Você vai estar lutando contra a má vontade do usuário também e qualquer coisa fora do normal será pretexto para reclamação.
9 – Migrou? Prepare os calmantes.
Pode ser que não aconteça, mas é bastante improvável… o telefone vai tocar e vai tocar muito. Bote uma música suave tocando no ambiente, pinturas em tons pastéis nas paredes e providencie uma bela janela com paisagem, senão você vai acabar matando alguém. =)
Logo após a migração começa o movimento anti-migração. O propósito deles é tornar sua vida tão miserável que você nunca mais vai querer ver um pingüim na sua frente, por isso, prepare-se e tenha em mente o item 7. Com o tempo as pessoas se acostumam e logo vão usar o Linux como se sempre tivessem usado. Você vai se deparar com todos os tipos de problemas: pessoas realmente confusas buscando ajuda, pessoas que sabem, mas fizeram alguma besteira e pessoas cheias de má vontade, que vão telefonar para perguntar imbecilidades do tipo “como se clica no menu?”.
Afirmações do tipo “eu não vou usar isso”, “eu odeio o Linux” e “vou falar com o chefe” podem acontecer. Lembre-se do item 7.
10 – Chantagem emocional
Depois de migrar, aí sim, use toda a sua dialética. Fale de como é bonito o movimento de software livre, emocione-se, faça valer a sua veia teatral de modo que as pessoas se sintam tão mal por usar software pirata que até em suas casas vão querer Linux.
Estou exagerando? Garanto que não. De tanto eu falar meus amigos e parentes já começam a migrar aos poucos – e sem eu nem tocar no assunto deles migrarem.
Isso acontece porque eu sempre comento sobre a relação pirataria/furto, sobre as dores de cabeça de sempre ter que crackear os programas (cada vez mais inteligentes) e digo que, no futuro, crackear um software vai ser tanta encheção de saco que acaba valendo comprar o original ou usar o software livre.
Enfim, o convencimento das pessoas não se faz pela força. Infelizmente, nem a maioria da comunidade Linux está preparada para evangelizá-lo e acaba contribuindo inversamente no processo.
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